A vida sem reflexão não merece ser vivida. (Sócrates)
É comum, quando falamos de filosofia, pensarmos e/ou nos referirmos a um de seus maiores nomes: o pensador grego Sócrates. Para começar, tomemos algumas frases atribuídas a ele, bem como outras que ele popularizou, para iniciarmos esse Projeto 365 Dias de Filosofias do Instituto Intrepeds.
A primeira frase, é onde ele afirma que, quando “Você não sabe por conta própria, simplesmente não sabe”. E essa frase faz todo sentido: quando você fica sabendo pelos outros, são os outros que sabem e não você. Você apenas foi informado de ou sobre algo. No filme “Suspeito X (2023 – Sujoy Ghosh)”, o personagem Naren Vyas, vivido por Jaideep Ahlawat fala algo similar: quando você não constrói a sua explicação sobre algo, aceita a versão que os outros lhe oferecem.
Acrescentamos mais duas frases utilizadas por Sócrates: a famosa “Conhece-te a ti mesmo” que, diga-se de passagem, não era dele, mas, estava inscrita no Templo de Apolo em Delfos, e “Só sei que nada sei”.
Vamos partir dessa última: quando admitimos a nossa própria ignorância, estamos prontos para iniciar o nosso processo de autodesenvolvimento, que se inicia com o autoconhecimento. Da mesma forma, quanto mais aprendemos, mais descobrimos que somos ignorantes e que ainda temos muito o que aprender.
E por que precisamos aprender? Ou mais especificamente: por que precisamos aprender Filosofia ou, Filosofias?
Recentemente li o artigo de alguém que se apresentava como especialista em “notícias de modo dinâmico e espontâneo”, como ele se apresenta. Em resumo, o referido autor afirmava, categoricamente, quais os cursos superiores que menos valem a pena e que devem ser evitados. Entre eles listava História, Artes Cênicas e, Filosofia. Os dois principais argumentos: investir em formações práticas e lucrativas.
Bom, sou formado e estudo filosofia há quase 40 anos. Lecionei Filosofia na Educação Básica e no Ensino Superior por quase 35 anos e posso afirmar: precisamos estudar História, Artes Cênicas e, Filosofia e todos os outros cursos listados por esse “especialista” como “de menor valor”. Mais do que nunca, percebo que essas áreas de conhecimento são fundamentais para pensarmos um ser humano e uma sociedade melhores do que os que temos hoje. investir na formação para o Ser integral e menos na formação para o ter.
Em tempos de doutrinações, fake news, fanatismos, reacionarismos, guerras bélicas e de narrativas, precisamos pensar com a nossa própria cabeça e não com ou pela cabeça dos outros. Passamos por uma pandemia recentemente, que ceifou milhões de vidas. Se não aprendemos com ela, que a vida é efêmera e que, mais do que ter, o importante é ser, deveríamos decretar a falência da existência humana.
Apesar desse cenário distópico, continuo otimista com o ser humano.
E para finalizar, lembremos de uma afirmação da pensadora Agnes Heller: a filosofia deve nos ensinar a pensar, viver e agir. Isto é: aprender Filosofia ou Filosofias, não é algo apenas teórico, mas, precisa se transformar em práxis, em prática.
Esses são os fundamentos e os “leitmotivs” do Projeto 365 Dias de Filosofias: exercitarmos o pensar, o viver e o agir, buscando a recepção completa da Filosofia: a estética, a do entendimento e a filosófica.
O projeto se divide em três ações: Filosofias para pensar, viver e agir; Filosofia das palavras; Eu não falei isso.
Filosofias para pensar, viver e agir tem por objetivo compartilhar e refletir sobre o pensamento de filósofos e filósofas de todos os períodos históricos e de todos os continentes.
Com a Filosofia das palavras a ideia é problematizar palavras que utilizamos em nosso cotidiano e que nem sempre, paramos para pensar e refletir sobre seus significados.
E, por fim, Eu não falei isso tem como objetivo trazer frases que foram colocadas na boca de determinados pensadores que, mesmo que eles talvez pensassem parecido, não foram eles os autores das mesmas.
A título de curiosidade, a Oração de São Francisco, também conhecida como Oração da Paz, não foi escrita por Francisco de Assis. Ainda que ela simbolize o pensamento do religioso fundador da 1ª Ordem Franciscana (masculina) e 2ª Ordem Franciscana (feminina), a versão mais aceita é de que ela surgiu em 1912 e foi publicada pela primeira vez na revista francesa La Clochette com o nome de “Oração Bonita para Fazer Durante a Missa”, sem a identificação da autoria.
Sobre o autor:
Prof. Dr. Rui Valese
É Doutor em Educação pela UFPR e Mestre em Educação pela UTP. Tem Especialização em Filosofia Política pela UFPR, Graduação em Filosofia pela PUCPR e Letras pela UNINTER. É Master Coach pelo Instituto Coaching de Curitiba. Atualmente cursa Ciência da Felicidade (Unicesumar). Coautor do livro Filosofia Latino-Americana e Brasileira, além de mais de uma dezena de capítulos sobre filosofia, comportamento humano, educação, entre outros temas.